Marjorie: a vira-lata que ajudou na descoberta da insulina

Conheça Marjorie, vira-lata sem raça definida que ajudou a descobrir a insulina. Continue lendo para saber tudo sobre essa história!

marjorie ao lado dos cientistas que descobriram a insulina

Você sabia que a Insulina foi descoberta graças a uma vira-lata?

São muitos os que sofrem com essa terrível e debilitante doença chamada diabetes. No entanto, a vida para os portadores dessa condição já foi muito pior ao longo da história. Desde o Egito Antigo, mais precisamente, pouco mais de 1550 anos a.C, quando surgiram os primeiros registros da doença.

E até o início do século XX, a perspectiva de vida para uma pessoa que desenvolvesse diabetes era de, no máximo, 12 meses. Não havia tratamento algum concreto que fosse capaz de assegurar um melhora significativa nos pacientes acometidos pela doença.

A história começa a mudar a partir de 1920.

O que é diabetes?

Em primeiro lugar, vamos procurar entender o que é a diabetes.

A diabetes é uma doença caracterizada pela dificuldade em metabolizar lipídios, proteínas e carboidratos, por conta de uma menor secreção de um hormônio produzido pelo pâncreas chamado insulina.

A principal condição gerada pela doença é a hiperglicemia, ou seja, a elevação de açúcar no sangue.

A descoberta da insulina

Até a década de 20, os esforços para a luta contra a diabetes eram concentrados na administração de extratos pancreáticos aos pacientes, o que, embora mostrasse algum resultado prático na glicemia, tinham o seu uso clínico inviabilizado por conta da intensa reação e dor gerada no local da aplicação.

Foi então que um jovem cirurgião chamado Frederick Banting, que lecionava anatomia e fisiologia na Universidade de Western Ontario, no Canadá, fez a seguinte anotação enquanto revisava algumas publicações preparando uma aula sobre o pâncreas:

“Diabetes. Ligar ductos pancreáticos de cães. Manter os cães vivos até que os ácinos degenerem mantendo as ilhotas vivas. Tentar isolar a secreção interna das ilhotas para controlar a glicosúria”.

Era o início do combate real à doença, mas que ainda precisaria ser estudado e desenvolvido. Banting então mostrou a sua anotação para o seu chefe, que sugeriu que o mesmo procurasse o Prof. John J. R. Macleod, chefe do departamento de fisiologia e grande autoridade no metabolismo de carboidratos.

Embora cético, Macleod aceitou ceder as dependências de seu laboratório para Banting no verão de 1921, quando o próprio Macleod estaria de férias. Além disso, indicou o seu assistente, Charles Best, para auxiliar Banting em seus estudos.

A vira-lata Marjorie

Você deve estar se perguntando: o que toda essa história tem a ver com uma cachorrinha chamada Marjorie?

Tudo. Os experimentos de Banting consistiam em tornar cães diabéticos através de uma cirurgia de remoção de seus pâncreas, para depois tentar tratá-los com a insulina. Marjorie foi um desses cães.

A cadelinha sem raça definida (SRD) passou pela cirurgia no dia 18 de novembro de 1921. Como esperado, ela desenvolveu diabetes e começou a ser tratada com o extrato pancreático (chamado “isletina” até então). 

Marjorie foi o trigésimo terceiro cão participante do estudo comandado por Frederick Banting. E o maior sucesso.

Ela sobreviveu por incríveis 70 dias recebendo as doses diárias de insulina. A cadelinha ganhou mais injeções de insulina que qualquer outro participante dos estudos – incluindo humanos, posteriormente.

Infelizmente, Marjorie precisou ser sacrificada. Embora a diabetes tenha sido controlada, a cadelinha desenvolveu abcessos no local das injeções, além da insulina ser escassa e a pesquisa exigir outras prioridades.

Porém, o papel da vira-latinha foi de vital importância para o estudo. A partir dos resultados obtidos com ela, a equipe – agora com a adição do químico James Collip, indicado pelo Prof. Macleod para auxiliar no processo de purificação da insulina – avançou as etapas até chegar a testes com humanos.

O primeiro humano tratado com insulina

O primeiro ser humano tratado com a insulina foi um adolescente de apenas 14 anos, Leonard Thompson.

Sua diabetes era do tipo-1, e ele recebeu a primeira injeção em 11 de janeiro de 1922. Leonard viveu incrivelmente bem sob o tratamento até os 27 anos de idade, algo inacreditável para a época. Ele acabou falecendo por conta de uma pneumonia.

A busca por uma cura

As injeções recuperaram inúmeros pacientes que sofriam da doença em hospitais, cujas famílias já não viam mais esperanças para a condição.

Até que em 1922, a empresa Eli Lilly passou a auxiliar os pesquisadores na produção de volumes cada vez maiores de insulina, visando atender o maior número possível de pessoas afetadas pela doença.

Em 1923, Frederick Banting, Charles Best, John Macleod e James Collip receberam o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da insulina. Ao longo dos anos, o trabalho realizado pelo quarteto foi mais e mais aperfeiçoado e desenvolvido.

Hoje, a qualidade de vida para os diabéticos é melhor, com agulhas cada vez menores, insulinas geneticamente modificadas, exames de sangue eletrônicos, tudo o que é necessário para que as pessoas acometidas por essa doença possam levar uma vida o mais próxima possível do normal.

Os pesquisadores continuam incessantemente em busca da cura definitiva da doença.

E pensar que tudo começou, literalmente, com uma cadelinha que viveu para mudar a história de uma doença que, até então, era tida como uma sentença de morte.

João Felipe
Formado em Administração de Empresas, o hobby pela leitura e escrita naturalmente me levaram para o caminho de trabalhar como Redator. Trabalhando há dois anos nas horas vagas. E nas ocupadas também.

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