Não abandone: como doar cachorros e gatos

Não abandone. Somente essa frase deveria ser suficiente para a compreensão de quão absurdo é o ato de largar um animal à própria sorte. E escrever um texto para conscientizar e ensinar a doar cachorros e gatos deveria ser desnecessário.

Mas, na falta de consciência do ser humano em muitas oportunidades, um texto inteiro se faz necessário.

Se você é um daqueles que se arrependeu de adotar um animal de estimação ou não tem mais condições de mantê-lo em sua casa, saiba que existem alternativas que não incluem uma atitude desumana.

Independente da circunstância que o obrigue a tomar a decisão de se separar do seu bichano, abandoná-lo nunca deverá ser uma opção.

Além do mais, para aqueles desavisados e que consideram essa uma prática aceitável, abandono é crime e pode levar à prisão. Há muitos protetores de animais que não hesitarão em te denunciar.

O abandono de animais no Brasil

Antes de mais nada, é preciso a compreensão de que adotar um animal é uma decisão que deve ser tomada após muita deliberação, pois será para a vida toda.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem pelo menos 30 milhões de animais abandonados somente no Brasil, entre cães e gatos. Um número realmente assustador.

Fruto de más decisões humanas e da reprodução desenfreada dos bichanos que vivem nas ruas.

A epidemia do coronavírus agravou o cenário. As denúncias de abandono dispararam, e aqueles já condenados a viver nas ruas sofreram com os estabelecimentos fechados, muitas vezes única fonte de alimentação através da boa ação dos funcionários. 

Como doar um animal de estimação?

Se manter um cachorro ou um gato em sua casa tornou-se inviável por qualquer motivo, a solução a ser buscada é a doação.

Doar tanto cachorros quanto gatos não é um procedimento fácil, ele requer cuidado para que o bichinho não seja traumatizado no processo.

Mas se esta se tornou a única opção, alguns passos são necessários para que tudo saia da melhor maneira possível para ele.

Aqui vão algumas dicas de como fazer uma doação segura e sem traumas para o seu amiguinho.

Certifique-se de que colocá-lo para adoção é o único caminho

Esse passo é um dos mais importantes.

Você já tentou tudo o que podia para que o animal permanecesse no seu convívio? Esta é mesmo a única alternativa?

As perguntas precisam ser respondidas com franqueza e cuidado. Só submeta um bichano a uma adoção se esta for realmente a única alternativa.

Certifique-se de que foi feito o possível e o impossível, desde a ajuda de outras pessoas, caso o problema seja de dificuldade financeira, até um espaço apropriado, maior atenção ou mesmo um adestrador, caso seja algo de ordem comportamental. 

 Prepare o seu animal para a adoção

O cuidado com o animal nesse momento é fundamental. É muito importante prepará-lo para o processo de se desligar da sua família e se ligar a uma nova.

Nesse ponto, certifique-se de que ele aprenda que os humanos não devem representar uma ameaça para ele, mesmo aqueles que ele (ainda) não conhece.

Se esta etapa não for efetuada com correção, haverá grandes chances de que ele não se adapte ao novo lar e que seja devolvido para você. Ou pior, ele pode ser abandonado nas ruas pelos novos tutores, e você acabará sendo coautor deste ato irresponsável.

Caso o animal a ser doado já tenha um certa idade, procure fazer com que ele perca certos hábitos que podem ser considerados ruins para a nova família que irá adotá-lo, como roer sapatos, arranhar sofás, entre outras coisas.

Por outro lado, se ele ainda for um filhote, os cuidados devem ser diferentes, com prioridade para a saúde do animal, como será visto a seguir.

Tome cuidados com a saúde

Enquanto o seu bichinho ainda estiver em sua posse, é sua responsabilidade cuidar da saúde dele e entregá-lo na melhor condição possível para a nova família.

Portanto, procure levá-lo ao veterinário para fazer um check-up. Certifique-se de que ele estará devidamente vacinado, vermifugado e castrado, isso evitará reprodução indesejada.

Existem cidades que oferecem a castração de forma gratuita ou através do financiamento do governo, o que requer uma leve burocracia que talvez atrase um pouco o processo de adoção. 

Procure um novo lar para o animal

O ponto mais importante.

Assim como era a sua responsabilidade cuidar dele, se isso realmente não for possível, passa a ser a sua obrigação encontrar um lar onde ele receberá carinho e cuidado.

Existem algumas formas de fazer isso, mas o bom e velho boca-a-boca talvez seja a principal delas. Converse com amigos e familiares, pois é possível que eles conheçam alguma família que esteja interessada em adotar um cão ou gatinho.

Esse método também parece o mais seguro, tendo em vista que você provavelmente terá referência da família através das pessoas conhecidas. 

Divulgação de adoção de cães e gatos

Nem sempre o boca-a-boca é suficiente para conseguir um lar para o seu amiguinho, então se faz necessária uma nova abordagem.

Divulgue que você tem um animal que está sendo posto para adoção. Faça uso de ferramentas sociais como o Facebook, Instagram, Twitter ou mesmo sites de protetores independentes ou ONGs.

O processo nem sempre é rápido e pode demandar um pouco de tempo. Mantenha o foco e garanta que o seu bichano terá todo o cuidado durante esta etapa!

Como escolher o melhor lar

Você fez um bom trabalho de divulgação e apareceram interessados em adotar o seu animalzinho? Ótimo.

O próximo passo é certificar-se de que você escolherá a família certa para cuidar dele.

É preciso entender que o mais importante é o bem-estar do bichano, portanto as necessidades dele precisam ser bem atendidas.

Não basta apenas a vontade que alguém demonstra em ficar com o animal, é preciso que essa pessoa tenha condições financeiras e tempo disponível, por exemplo, para oferecer o cuidado e carinho que ele tanto precisa.

Cabe a você recolher o máximo de informações possíveis entre os interessados e fazer um processo de triagem até achar a família perfeita.

Muitos, inclusive, promovem entrevistas e questionários para entender as intenções dos candidatos e saber quais seriam as atitudes deles caso uma circunstância adversa se colocasse.

Também é recomendado fazer a nova família assinar um termo de adoção onde serão listadas as responsabilidades que ele terá com o animal a partir daquele momento.

Além de diminuir o risco de devolução, isso serve como um lembrete de que adotar um animal é um grande passo e que requer enorme responsabilidade.

Da sua parte, é preciso deixar bem claro qual é a personalidade do animal, do que ele gosta ou não gosta, evitando assim que haja algum tipo de surpresa no futuro que possa gerar arrependimento para a família adotante. 

Faça um acompanhamento pós-adoção

No entanto, o seu dever não para por aí. Encontrar uma família que seja boa para o seu cãozinho ou gatinho é um passo enorme, mas não o último.

É preciso fazer o acompanhamento pós-adoção, tanto para saber como o bichinho está se adaptando quanto para diminuir as saudades que ele certamente sentirá de você e de sua família.

Portanto, converse com os novos tutores e combine visitas regulares, troca de mensagens, ligações e compartilhamento de fotos para que você possa acompanhar o processo de adaptação e evolução do bichinho. 

É muito importante que a transição não seja traumática para o animal, que é quem realmente importa em todo esse processo.

Acima de tudo, não seja covarde

Se não foi possível cuidar do animal de estimação, como era o plano inicial, certifique-se de que ele será afetado o mínimo possível pela decisão tomada por você.

Afinal, independente de qualquer circunstância, o animal não tem culpa alguma. Poupe-se da covardia de dizer que um comportamento dele, por exemplo, foi o que levou você a entregá-lo a outra pessoa.

É preciso levar tudo em consideração na hora de assumir os cuidados de um animal. Não é uma brincadeira, como muitos ainda pensam, infelizmente.

O resultado disso são 30 milhões de vidas largadas à própria sorte, à fome, doenças e maus tratos nas ruas.

A empatia e compaixão são dons que todos nós somos capazes de praticar. Use-os.

Créditos das imagens: Freepik.

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