Conheça Pipi, vira-lata caramelo da nota de 200 reais

Cadela Pipi, uma vira-lata caramelo, ficou famosa por virar meme estampando a nota de 200 reais. Porém, história não é feliz como parece.

vira-lata caramelo pipi

Certamente você já viu a famosa montagem da nota de 200 reais cuja estampa é um vira-lata caramelo.

Todos nós sabemos – sejamos usuários ávidos delas ou não – que as redes sociais têm o poder de gerar histórias e criar marcos na cultura de um país.

No Brasil não é diferente. Uma vez viralizado e pronto, está instituído um meme, uma gozação de proporções nacionais.

E essa é mais uma dessas histórias, a história de uma vira-lata caramelo que, por muito, muito pouco, não virou um símbolo nacional – no sentido literal da expressão.

Porém, existe um pouco mais por trás do meme.

A história da vira-lata Pipi

Tudo começa no dia 29 de julho de 2020, no ápice da situação pandêmica no Brasil, quando o Banco Central anunciou que colocaria em circulação uma nova cédula, de R$ 200.

O anúncio causou alvoroço nas redes sociais, e logo começaram as especulações sobre qual seria o novo “mascote” presente na nota. 

Os memes explodiram. Desde Neymar a Pablo Vittar, as gozadas sugestões não paravam.

Porém, aos poucos, um personagem passou a ganhar mais e mais destaque: o nosso querido vira-lata caramelo.

Presente em cada esquina desse enorme país, ele já é um símbolo nacional informal. Oficializá-lo seria uma homenagem a esse grande representante da vida diária e do imaginário de praticamente todos os brasileiros.

O lobo-guará, escolhido pelo Banco Central para estampar a célula, nem de longe possui o mesmo carisma e apelo.

E passaram a surgir diversas montagens com imagens de vira-latas caramelo perfeitamente associados à nova cédula.

Porém, a mais famosa delas apresentava um vira-latinha deitado com um olhar de aspecto calmo e sereno.

O meme da nota de 200 reais com vira-lata caramelo

nota de 200 reais com vira-lata caramelo
A montagem da nota de 200 reais com uma vira-lata caramelo.

O cãozinho com olhar sereno é na verdade Pipi, uma cadelinha que morava com uma família em Porto Alegre.

A imagem ganhou grande notoriedade e foi aceita pelos internautas como a principal representante do meme do mascote dos R$ 200.

Mas a história por trás dessa imagem não é nada divertida. 

Onde está Pipi?

Há pouco mais de cinco anos, durante um passeio por um parque da capital rio-grandense, Pipi se assustou com um outro cão, se desvencilhou da guia e fugiu. 

Após a fuga, um mutirão foi organizado para tentar encontrar a cadelinha, em vão.

A foto utilizada na montagem que virou meme era, na verdade, um cartaz que foi espalhado pela cidade na tentativa de que Pipi fosse encontrada. Quem conta história é a tutora da cadelinha, Vanessa Branetta, de 38 anos.

Durante cerca de um ano foi feita uma campanha para tentar localizar ela. Essa foto que aparece agora em tudo que é lugar estava nos cartazes que mandamos fazer para tentar encontrar a Pipi. Só que há cerca de dois anos, alguém pegou essa foto e fez um meme.

Vanessa Branetta, tutora de Pipi

Segundo Vanessa, as tentativas continuaram nos dias subsequentes, com buscas a pé e por carro, em diferentes áreas da região. Sem resultados, a família passou a pedir ajuda às redes sociais e até a pessoas de fora do país.

“Fizemos muita divulgação pelo Facebook. Tinha gente de fora do país que ajudava a fazer as postagens. Não sabemos quem, nem de que forma, pegou essa foto e disse que era o popular ‘cachorrinho caramelo’”, explicou.

Pipi era amada e cuidada. Ela foi o primeiro cachorro da família, que já a conhecia desde os seis meses de vida, quando ela foi adotada de uma petshop.

Ela estava com pouco mais de dois anos quando desapareceu.

No período da busca, a tutora foi diversas vezes alertada sobre animais com características semelhantes às de Pipi. Ao chegar no local, embora encontrasse cãezinhos muito parecidos, nunca se tratava de Pipi.

Entre 2015 e 2016, encontramos 17 cadelas exatamente iguais a ela. As pessoas nos telefonavam e saíamos correndo até o local. Mas, no fim, nunca era a Pipi. Nós conhecemos as características dela, ela dormia na cama dos filhos.

Vanessa Branetta, tutora de Pipi

Abaixo-assinado e até estampa em carteiras

O meme gerado foi tão grande que chegou em Brasília.

O deputado federal Fred Costa, de Minas Gerais, chegou a realizar um abaixo-assinado virtual para que o Banco Central aceitasse o vira-lata caramelo como o símbolo da nova cédula. 

De acordo com o deputado, a atitude chamaria a atenção para a necessidade da adoção, do cuidado e do controle desses queridos companheiros do nosso cotidiano.

“Não descartamos a relevância do lobo-guará na história e na fauna brasileiras, porém o cachorro vira-lata está mais relacionado ao cotidiano dos brasileiros e, além disso, é presente em todas as regiões do país”, dizia a petição, que contou com dezenas de milhares de assinaturas virtuais.

Além de abaixo-assinado, Pipi também virou estampa de uma marca de carteiras do Rio Grande do Sul.

A ideia, porém, não entusiasmou a família, que entrou em contato com a empresa para explicar que se tratava de um animal de estimação desaparecido e, consequentemente, uma lembrança difícil para a família.

A empresa, então, decidiu doar todo o valor arrecado com a venda das carteiras para uma instituição cuidadora de animais à escolha da família. A solução, no final, foi aceita.

Inicialmente, quando a gente vê a foto, não é uma coisa que nos faz feliz. Foi um momento difícil para todos. O posicionamento da empresa nos fez mudarmos de ideia. Essa atitude me fez ver as coisas com um pouco mais de carinho. Recebi mensagens de outras pessoas apoiando a ideia e isso me fez bem. Antes disso acontecer, ficava furiosa e pensava: ‘Tem 500 cachorros caramelo na rua, porquê pegaram a foto da minha?’

Vanessa Branetta, tutora de Pipi

“Existem milhões de cachorros caramelos no mundo, mas essa era minha. Então, quando você ver essa foto, não pense em um cachorro de rua, aquele que dormia na calçada. Não, essa dormia na minha cama e era minha filha”, finalizou.

Infelizmente, Pipi continua desaparecida.

João Felipe
Formado em Administração de Empresas, o hobby pela leitura e escrita naturalmente me levaram para o caminho de trabalhar como Redator. Trabalhando há dois anos nas horas vagas. E nas ocupadas também.

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