Conheça Laika, vira-lata que viajou para o espaço

Saiba mais sobre a triste história da vira-lata Laika, uma cadela sem raça definida que viajou para o espaço durante a “corrida espacial”.

laika na nave espacial

Oi, eu sou a Caju!

Hoje eu vou contar para vocês uma história bastante triste sobre uma grande cadelinha sem raça definida, a vira-lata Laika. Para quem já ouviu falar dela e sabe dos seus feitos, tem a certeza de que a sua história, embora difícil, vale ser contada.

Para aqueles que não a conhecem, aqui vai uma oportunidade de ouvir pela primeira vez sobre um dos animais mais importantes da história da humanidade.

Porque, claro, nós somos tão importantes para vocês quanto vocês são para nós, e, muitas vezes, viramos marcos pela contribuição direta que damos nas suas descobertas, como a Marjorie, a vira-latinha que ajudou a descobrir a insulina.

A história: corrida espacial

Nossa jornada começa na Rússia, no ano de 1957, em plena corrida espacial.

À época, o governo russo investia pesadamente na tentativa de ser pioneiro em enviar um ser humano além das fronteiras da Terra.

A Rússia já havia sido a primeira a enviar um objeto feito pelo homem que orbitou a Terra com o Sputnik 1, foguete não tripulado enviado ao espaço no dia 4 de outubro de 1957.

Porém, os engenheiros soviéticos se viram pressionados a construir uma segunda aeronave – dessa vez comportando um tripulante – quando o premiê russo Nikita Khrushchev decidiu que um segundo voo deveria decolar no dia 7 de novembro de 1957, o 40º aniversário da Revolução Bolchevique na Rússia.

Pensando nisso, os profissionais encarregados pelo programa espacial decidiram que seria necessário fazer alguns testes para ter certeza que seria possível enviar um ser vivente para o espaço, além de determinar quanto tempo, aproximadamente, esse ser sobreviveria.

E enquanto os Estados Unidos faziam testes envolvendo macacos, o programa russo decidiu que cachorros seriam melhores para o cumprimento da missão.

Isso porque, segundo os soviéticos, cachorros eram muito mais fáceis de trabalhar em comparação com os macacos, que eram “difíceis de treinar e vulneráveis ao estresse do voo espacial”.

Eu sou suspeita a falar, já que fico estressada só de andar de carro. Imagina em uma nave espacial?!

Voltando ao assunto, a partir dessa definição, diversos cães foram adquiridos, de diversas raças fortes e vigorosas, em sua maioria, e durante todo o período de testes e treinamentos eles foram muito bem tratados.

O problema é que todos que estavam na equipe soviética já sabiam que aquela missão se tratava, na verdade, de um suicídio canino (que horror!).

Embora houvesse tecnologia suficiente para levar alguém (ou alguma coisa, nesse caso) até o espaço, não era possível garantir que a aterrissagem seria em segurança.

Mas afinal, quem era Laika?

laika em um treinamento
Laika em um de seus treinamentos.

Laika era, assim como eu, uma cadelinha vira-lata sem raça definida (SRD). Sua origem era uma provável mistura de Husky Siberiano com Spitz que vivia nas ruas de Moscou.

Ela foi a escolhida para ser enviada ao espaço dentre todos os outros cães por conta das suas características físicas e comportamentais.

Primeiro, ela era uma cadelinha de porte pequeno, o que era perfeito para o espaço disponível a bordo do foguete.

Além disso, Laika também era muito dócil e paciente, e foi capaz de ficar por 20 dias sentada em um espaço confinado durante os treinamentos, o que chamou a atenção dos engenheiros e a fez se destacar entre os outros cães. 

Além dos testes de paciência e passividade, Laika também se destacou ao ter testadas as suas reações às mudanças de pressão do ar e aos altos ruídos da cabine durante o processo de decolagem.

Outros testes também foram realizados, e ela se mostrou a mais adequada em todos eles.

Laika foi a escolhida para uma missão suicida, e saber disso mexia com o coração dos médicos soviéticos. Vladimir Yazdovsky, um de seus cuidadores, chegou a leva-la para a sua própria casa.

Ele tomou essa decisão porque “queria fazer algo de bom para o cachorro”, disse ele mais tarde.

Três dias antes da decolagem para a sua inevitável morte, Laika, à época com 3 anos de idade, já estava preparada para a sua missão. Vestida em seu traje espacial, ela já havia assumido a sua posição no foguete, um espaço restrito que permitia movimentação de pouquíssimos centímetros.

O foguete decolou às 5h30 do dia 3 de novembro de 1957.

A morte de Laika

Laika partiu com apenas um refeição e a expectativa de sobreviver no espaço por uma semana, tendo uma morte indolor em 15 segundos por privação de oxigênio após esse período.

E por muito tempo essa foi a história vendida ao mundo. A verdade, porém, era muito mais delicada do que o governo russo tinha o interesse em admitir à época da lançamento.

Logo após a decolagem, Laika ficou tão assustada com os ruídos e a pressão dentro da cabine que os seus batimentos cardíacos aumentaram em três vezes e a taxa de respiração quadruplicou.

Isso mostra o quão apavorante foi para ela quando o foguete realmente levantou voo (tadinha!).

E foi ainda pior: ela chegou a circular a Terra por 103 minutos. Após esse tempo, o escudo térmico do foguete se desfez e a temperatura no espaço onde Laika permanecia atingiu os 90ºC, o que a levou à morte.

Quem deu esse testemunho foi o médico responsável pelo treinamentos dos cães espaciais, Oleg Gazenko, somente em 1993. A Sputinik 2 ainda permaneceu orbitando a Terra por cerca de cinco meses depois do falecimento de Laika.

O governo soviético tratou de esconder o destino fatal de Laika durante e após o voo. As transmissões russas davam conta de que a cadelinha tinha sobrevivido até o dia 12 novembro, e houve ainda quem dissesse – o famoso New York Times – que ela poderia ser salva.

No entanto, sua morte foi confirmada nove dias depois.

Repercussão sobre a “missão suicida” de Laika

estátua em homenagem à laika
A estátua em homenagem à Laika.

Houve protestos feitos pelos órgãos protetores dos animais sobre a decisão de mandar Laika em uma missão suicida.

A Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (Sociedade Real pela Prevenção da Crueldade Contra os Animais) e a British Society for Happy Dogs (Sociedade Britânica para Cães Felizes), ambas do Reino Unido, se colocaram a todo instante contra o projeto russo.

Além disso, pessoas fizeram marchas de protestos em frente à sede das Nações Unidas, situada em Nova York, com cartazes colocados em seus animais de estimação.

Embora não houvesse, à época, as preocupações com os animais que existem hoje, o fato não passou em branco.

A história de Laika permanece viva até os dias de hoje, seja em músicas, filmes que retrataram a sua história, vídeos no Youtube, ou em histórias infantis que carregam a heroína canina com peça central.

O fato é que a morte de Laika, embora absolutamente lamentável, permitiu que seres humanos posteriormente fossem mandados ao espaço.

Muitas homenagens foram feitas para Laika depois de sua morte.

selo da laika
Um dos selos com a Laika estampada.

A União Soviética – assim como países aliados a ela – comercializaram selos com a imagem da vira-latinha até 1987.

Recentemente, em 2015, uma estátua de Laika sobre um foguete foi erguida em uma instalação militar de Moscou, contemplando toda a representatividade que essa cadelinha teve para a história espacial russa e mundial.

Eu mesma tenho um quadro dela aqui em casa!

quadro da laika
Meu quadro da Laika! (tem na LOJA VERMELHA)

A Rússia lançou, ao todo, 71 cães ao espaço entre 1951 e 1966.

Desses, 17 não voltaram com vida, incluindo Laika. Embora o programa espacial ainda faça testes com animais, atualmente existe a esperança de que o animal sobreviva após a missão.

O livro sobre a vira-lata Laika

Bom, essa foi a história da nossa querida e heroína cadelinha vira-lata Laika.

Caso você deseje saber sobre a história com mais detalhes, recomendo que você procure se informar a respeito de um livro que foi escrito para contar a história dela.

O livro se chama Laika’s window: the legacy of a soviet space dog (traduzindo: A vista de Laika: o legado de um cachorro espacial soviético), de Kurt Caswell.

É um livro bastante emocionante que narra com detalhes o que a vira-lata Laika deve ter sentido nos momentos que antecederam o lançamento e depois.

Embora bastante triste, é uma história que necessita ser contada para que a ela seja dado o devido crédito de bravura e lealdade, típico de nós cães!

Créditos das imagens: Wikipedia.

Ex-vira-lata, já passei por poucas e boas. Morei na rua por mais de três anos, apanhei muito, operei as mamas para remoção de um câncer e agora sou blogueirinha! Siga-me no instagram!

Deixe seu comentário