Como cães e gatos eram vistos por religiões antigas

No passado, cães e gatos já foram considerados símbolos de proteção e azar por algumas religiões. Veja como pets eram vistos pelo misticismo.

Os pets de hoje em dia já foram, em muitas religiões e superstições, mais do que simples amigos de companhia. Hoje nós vamos falar um pouco sobre todo o misticismo antigo que envolve cães e gatos, e como estes eram vistos por religiões antigas. 

A presença de felinos em registros religiosos é imensa, tanto que os gatos são ainda hoje associados com proteção ou mau presságios por muitas pessoas.

Já os cães têm uma relação mais modesta com os misticismos, mas ainda assim possuem forte influência cultural baseada no sobrenatural.

Confira:

Gatos: Deuses ou mal presságio?

estátua da deusa bastet

A relação dos gatos com as religiões e superstições é profunda e antiga. Houve quem o considerasse deuses “disfarçados” e quem sempre os considerou mensageiros de maus presságios.

Afinal, quem nunca ouviu dizer que gato preto dá má sorte?

Gatos no Egito Antigo

No Egito Antigo, os gatos eram domesticados e tidos como sagrados, isso há mais de 5.000 anos.

Os felinos eram considerados representações físicas da deusa Bastet (fertilidade e colheita), filha de Rá, o deus-sol. Nessa época, quem matasse um gato era condenado à morte.

Quando morriam, seus tutores os embalsamavam e enterravam. Além disso, as pessoas da casa raspavam as sobrancelhas em homenagem. O mesmo era feito quando um parente querido morria. 

Gatos no Oriente Antigo

Assim como acontecia no Egito, os gatos eram bem vistos na China Antiga.

Há cerca de 3.000 anos, bichanos eram associados com proteção, como amuletos contra a má-sorte. Algumas divindades também eram representadas por gatos. 

Já no Japão, os gatos com três cores de pelugem (preto, amarelo e branco) eram símbolos de felicidade.

A cultura japonesa há milhares de anos também associa gatos gordos com paz, felicidade e sucesso. Uma lei japonesa do século 13 inclusive proibiu que bichanos fossem colocados em gaiolas. 

Gatos na Idade Média

Uma matéria publicada na Folha de S. Paulo traz diversas informações interessantes sobre a relação entre felinos e religiões/superstições na Idade Média.

Segundo o conteúdo, no ano de 392, quando o imperador romano Teodósio proibiu os rituais pagãos, os gatos (que tinha papel destaque entre o povo pagão) começaram a ser alvo de desconfiança. 

A má reputação dos felinos só aumentou quando estes começaram a ser associados às bruxas (homens e mulheres que praticavam atos considerados pagãos). Inclusive, no século 15, o papa Inocêncio 8º colocou os gatos na listas de “perseguidos” pela Igreja Católica.

Mais de 1.600 gatos foram enforcados ou queimados junto as suas donas. O fator da pelugem do gato ser preta agravava a situação, pois estes eram mais associados ainda com a bruxaria e às trevas. 

Cães e as religiões antigas

estátua do cérbero

A relação entre humanos e cães se baseia pouco em preceitos religiosos, como acontece com os gatos.

A grande influência dos doguinhos na questão mística se dá mais em cunho folclórico, lendário e cultural, do que propriamente nas religiões. 

No entanto, o deus egípcio Anúbis, representante da morte e da passagem entre a vida e o Além, era representado por um ser zoomorfo com cabeça de lobo chacal, e isso não aconteceu à toa.

Segundo a lenda, há milhares de anos os lobos e seus descendentes (cães e raposas) tinham como tarefa guiar as almas para o mundo dos mortos e guardá-las em seu destino.

Uma representação famosa dos cães na mitologia, mais precisamente grega, é o Cérbero: um cão gigante de 3 cabeças que protege os portões do inferno, impedindo a saída dos condenados.

Além dele, o cão gigante Garm, da mitologia germânica, seria o guardião do mundo gélido da morte. 

No geral, os cães quase sempre estão associados a circunstâncias mais mitológicas e culturais do que religiosas. Eles simbolizam proteção, guarda, guia, lealdade, coragem e sabedoria.

Há um ditado que diz que “cão velho, quando ladra, aconselha”. 

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Como religiões de hoje em dia veem os pets?

Hoje em dia, o preconceito ou exaltação de cães e gatos ainda existe em algumas religiões. De modo geral, essa influência é bem baixa, mas ainda existe. 

As religiões de matriz cristã, apesar de algumas superstições, possuem boa relação com cães e gatos. No catolicismo, inclusive São Francisco de Assis é padroeiro defensor dos animais.

Em entrevista a Época, a Congregação Israelita Paulista, do Judaísmo, afirmou que cuidar de pessoas e animais é ainda mais importante do que ter fé. Outras religiões como o Budismo, Espiritismo e Umbanda também possuem relação positiva com os animais.

No Islamismo, por outro lado, é permitido que se crie gatos, mas não cães. Em algumas raízes africanas do Candomblé, o rito com sacrifício animal ainda existe, mas no Brasil é uma prática bastante desencorajada.

Ainda assim, nessa rara circunstância, a escolha predominante são as aves.

Além dos pets, a relação entre humanos e animais nos dias de hoje ainda se pauta por questões religiosas em alguns lugares do mundo. Na Índia, por exemplo, a vaca é considerada um animal sagrado pela religião predominante, o Hinduísmo.

Dessa forma, o consumo de carne bovina no país é bem baixo, pois matar vacas é ato pecaminoso pelos praticantes dessa religião. 

Cães e gatos: símbolos de companhia e amor

gato sentado apoiado ao lado de um cachorro deitado

Por mais que os pets possam ter sido associados a religiões e suas mais diversas interpretações, uma coisa é fato: Hoje em dia eles representam somente companhia, amor, carinho e atenção!

É importante saber como cães e gatos eram vistos por religiões antigas, mas não deixe que a história mude sua interpretação se ela é baseada em sentimentos positivos.

Doguinhos e bichanos são amigos, tem personalidades próprias e são muito mais do que meros objetos ou símbolos místicos!

Créditos das imagens: Freepik

Leo Vieira
Jornalista, pernambucano, escritor e fanático por video-games. Trabalha com comunicação há mais de 6 anos, passando por jornal impresso, TV, internet e assessoria de imprensa. Gosta do mundo das artes, principalmente música e artes visuais. Fã de plantas e do bom uso da língua portuguesa. Siga no instagram!

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